Jobert Mitson da Silva Santos
ELETROCARDIOGRAMA EM PACIENTE COM TROMBOEMBOLISMO PULMONAR
Paciente idoso internado por SRAG por COVID-19 apresenta piora súbita da dispneia referida na admissão e hipoxemia persistente. Foi aumentado oxigenoterapia suplementar, solicitada nova tomografia de tórax para elucidação diagnóstica e eletrocardiograma. ECG mostrou uma FC de aproximadamente 75bpm, ritmo regular e sinusal, eixo normal, sem alterações de intervalo PR ou QRS. Presença de ondas T negativas em parede anterior e inferior. Sem anormalidades de onda P, sem supra ou infradesnivelamento de ST (Figura 1). Ao se calcular os escore de Wells obteve-se um valor de zero. Devido às alterações eletrocardiográficas e piora da dispneia e hipoxemia paciente foi levado para uma angiotomografia de tórax que evidenciou tromboembolismo pulmonar bilateral.
Devido a ausência de instabilidade hemodinâmica optou-se por iniciar anticoagulação plena. O paciente não evoluiu com novas intercorrências.
No eletrocardiograma nota-se também a ausência de Taquicardia Sinusal e do sinal S1Q3T3, sinais frequentemente associados a TEP, mas que não nos permite excluir ou confirmar essa patologia. Segundo o estudo de Ferrari em 1997 as ondas T negativas em parede anterior apresentaram uma boa correlação com tromboembolismo pulmonar1. No contexto de dor torácica, dispneia, choque indeterminado TEP deve ir para o topo do diferencial. Os escores de Wells têm como principal limitação a ausência de parâmetros eletrocardiográficos para auxiliarem na tomada de decisão.
Outros possíveis achados presentes em pacientes com tromboembolismo pulmonar são: bloqueio de ramo direito, baixa voltagem periférica, distúrbios de ritmo como a fibrilação atrial2
REFERÊNCIAS
1. Ferrari E., Imbert A., Chevalier T. et al. The ECG in pulmonary embolism. Predictive value of negative T-waves in precordial leads - 80 case reports. Chest. 1997; 111:537-543.
2. Boey E, Teo SG, Poh KK. Electrocardiographic findings in pulmonary embolism. Singapore Med J. 2015;56(10):533-537.