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ARTIGO ORIGINAL

Sucetibilidade a acidentes automobilisticos por mal súbito com caminhoneiros no norte do Brasil

Gabriel Rodrigues Brito; Lukas Oliveira Coelho; Maria Vitória Santos Assunção Costa; Maria Eduarda Sousa Queiroz; Matheus Porto Brito Pimentel; Sarah Pereira Alves; Francisco de Sousa Holanda; Sonara Santos Miranda; Lucas Nordhoff Barcelos Cunha; Anny Beatriz Ferreira de Jesus

DOI: https://doi.org/10.5935/2764-1449.20240005

Resumo

A prevalência de Hipertensão, diabetes e obesidade nos caminheiros tem íntima relação com a qualidade de vida dessa população e oferece grande vulnerabilidade para a ocorrência de acidentes automobilístico.Deste modo, o estudo objetivou a identificação da prevalência dessas condições clínicas nos motoristas , bem como a correlação de sua existência com situações de Urgência e Emergência envolvendo essa população e os mecanismos de atendimento em saúde pública.Foram realizadas a aplicação do questionário QVS-80 na população amostral de 100 caminhoneiros no município de Paraíso do Tocantins localizado as margens da BR-153, para verificação de informações associadas a qualidade de vida e a existência ou não de Diabetes Melitus, hipertensão, e cálculo do Índice de Massa Corporal, para determinação de obesidade de acordo com as Diretrizes Brasileiras de Obesidade- Abeso (2016).Bem como, a medição da pressão arterial e a classificação dos indivíduos em hipertensos de acordo com a VI Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial da Sociedade Brasileira de Cardiologia (2020) e ainda em diabéticos por meio do índice Glicêmico avaliado pela mensuração aleatória da glicemia capilar em acordo com as diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (2020).A alta ocorrência de acidentes automobilísticos com envolvimento de caminhões possui relação direta quanto ao estado de qualidade de vida de seus motoristas que demonstrou-se péssima muito em decorrência da preexistência de doenças crônicas como obesidade (41%), Sobrepeso (36%), Diabetes (6%) e Hipertensão (60%).Promovendo o cenário ideal para eventos de mal súbito durante a direção e consequentemente a ocorrência de acidentes.

INTRODUÇÃO

Mediante dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), o Brasil conta com 695.593 caminhoneiros autônomos registrados e 695.320 com vínculo empregatício. Em um país predominantemente rodoviário, a quantidade de trabalhadores neste ramo é de grande relevância para saúde pública, tendo em vista que dentro do exercício da profissão os trabalhadores regularmente invertem os horários de sono e descanso, estão expostos constantemente a altos níveis de estresse, uso de álcool, tabaco e drogas psicoestimulantes. Bem como a uma má alimentação em decorrência dos locais que frequentemente visitam para tal fim e sedentarismo pela pouca ou nenhuma prática de exercícios físicos, por conseguinte somatório dos fatores anteriormente citados, o desenvolvimento de doenças crônicas torna propenso a ocorrencia de acidentes automobilísticos por mal súbito.3

Bem como, ao analisar-se o perfil dos caminhoneiros, é imprescindível citar que em sua grande maioria são do sexo masculino, e quanto o autocuidado com sua saúde, um estudo revelou que a maioria (54,1%) somente procura os serviços de saúde em casos de emergência tendo como justificativa a incompatibilidade com o horário de trabalho (43,2%). Dados estes, que comprovam a permanência do estigma de invulnerabilidade do sexo masculino coabitando com que os caminhoneiros comprovadamente cuidem menos de sua saúde, sendo um índice alarmante tanto para saúde pessoal dos indivíduos como para todo o contexto no qual estão inseridos, visto que no ano de 2021 foram registradas 63.447 ocorrências de acidentes envolvendo caminhoneiros e cerca de 5.391 óbitos sendo destes 854 motoristas da classe segundo dados da Confederação Nacional do Transporte (CNT).Sendo que, dentre os distúrbios precursores de agravos em saúde e consequentemente a ocorrência de acidentes estão: existência de doenças cardiovasculares, privação e má qualidade do sono, Síndrome Apneia Obstrutiva do Sono, comprometimento das funções neurocomportamentais, preexistência de doenças cônicas como hipertensão e diabetes, obesidade , uso de álcool, tabaco e drogas e péssimos hábitos.4

Para exemplificar a influência dessas doenças no crescente número de acidentes de trânsito envolvendo motoristas de caminhões, um estudo verificou a existência de diminuição da oxigenação do córtex cerebral em situações de sono insuficiente, influenciando na alteração do desempenho do motorista, bem como retroalimentando a gravidade e surgimento de doenças cardiovasculares e neuroendócrinas. Deste modo, somados a má alimentação feita predominantemente em lanchonetes a beira da estrada com alimentos mal processados e com alto teor lipídico e glicêmico também influeciam na existência de diabetes, hipertensão, e evolutivamente obesidade, como em outro estudo realizado na região centro-oeste do país no qual 80,6% da população amostral apresentou índices anormais no Índice de Massa Corporal com simultaneidade a hipertensão e níveis anormais glicêmicos.6,7

Há grande incidência de acidentes com envolvimento de caminhoneiros nas estradas do país, em maioria decorrente estilo de vida, sendo somente no ano de 2021, 63.447 ocorrências e cerca de 5.391 óbitos sendo destes 854 motoristas desta classe, segundo dados da Confederação Nacional do Transporte. Sendo assim de grande relevância para comunidade a resolução do entrave mediante a atuação dos serviços de saúde, em especial aqueles que atendem a demandas de urgência e emergência, e ainda para comunidade cientifica a busca pela comprovação da relação entre mal súbito em caminhoneiros e a recorrência de acidentes automobilísticos envolbendo a classe. Como em um estudo realizado no Japão, o qual revelou que em uma amostra de 211 casos de acidentes, 70% destes foram causados por doenças cardíacas, aórticas e cerebrovasculares, comprovando-se uma relação íntima e presente entre o início de mal súbito, com a causa de acidentes em decorrência da má qualidade de vida dos motoristas.5

 

MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de um estudo quantitativo aplicado em campo, devidamente aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Gurupi CEP/UNIRG mediante a Resolução 466, de 12 de dezembro de 2012 e o parecer do consubstanciado de número 5.694.439. O qual utilizou-se de uma popuplação amostral de 100 indivíduos presentes no posto de combustível Milena no município de Paraíso do Tocantins e adequados nos critérios de inclusão: (1) possuir idade superior ou igual a 18 anos, (2) sexo masculino, (3) esteja exercendo a profissão de caminhoneiro a no mínimo um ano, (4) atue de forma autônoma ou empregatícia, (5) alfabetizado, (6) esteja em jejum ou não no ato da pesquisa sendo necessário o informe prévio.

Foram realizadas a aplicação do questionário QVS-80 para verificação de informações associadas a qualidade de vida e a existência ou não de Diabetes Melitus, hipertensão, e cálculo do Índice de Massa Corporal mediante a informação do peso e altura e aplicação da fórmula: IMC= Peso/Altura2 para determinação de obesidade de acordo com as Diretrizes Brasileiras de Obesidade – ABESO (2016), bem como a medição da pressão arterial através de aparelho aneroide devidamente calibrado e certificado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (InMetro) de acordo com as VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial da Sociedade Brasileira de Cardiologia – ABC (2020) e índice Glicêmico avaliado pela mensuração aleatória da glicemia capilar com equipamento Advandage® (Roche Diagnostics) e com tiras de teste específicas (ACCU-CHEK) de acordo com as diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes – SBD (2020). Sendo para cada condição clínica encontrada, a validação por meio da diretriz outrora escolhida e previamente citada, dentre valores de referência e por fim a análise dos dados obtidos no formato de porcentagem simples.

 

RESULTADOS

Mediante a aplicação do questionário QVS-80 e a realização de medidas de Pressão Arterial, Glicemia capilar ao acaso e o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), cerca de 60% da população amostral apresentou-se com valores limítrofes ou superiores para diagnóstico de Hipertensão Arterial Sistêmica a nos quais há Pressão Arterial Sistólica >140 mmHg e/ou Pressão Arterial Diastólica >90 mmHg ; 6% diagnósticados com Diabetes Mellitus por Glicemia Capilar ao acaso > 200 mg/dl e 41% em condições de obesidade, 36% em condição de sobrepeso e apenas 23% com peso corporal dentro da normalidade mediante o IMC. Resultando dessa forma a comprovação na má qualidade de vida e existência de doenças crônicas prévias nos motoristas.

 

DISCUSSÃO

A má alimentação, exercida em maioria das vezes a beira da estrada, o trabalho em condições de estresse constante e o sedentarismo, são gatilhos para o desenvolvimento de diversas doenças metabólicas, sendo presente em mais de 50% dos caminhoneiros do país, índice este que se encontra 15% maior que a população em geral. Diabetes Melitus, hipertensão e o uso de medicamentos para tratamento das mesmas; tem indicado influencias na habilidade para condução, em casos de neuropatias periféricas que reduzem a força muscular para reação dos mostoristas perante situações de perigo durante a condução e retinopatias, grupo que compreende as principais doenças que afetem o aporte sangúineo para a região da retina no globo ocular , promovendo a perda da acuidade visual e ainda eventos de hipoglicemia o que reduz o poder de reação dos condutores e rebaixa o nível de consciência dos mesmos em decorrência do baixo no aporte de oxigênio e energia para o córtex cerebral. Deste modo é de grande importância notar-se que o início de mal súbito durante a condução tem potenciais para a ocorrência de inúmeros acidentes com envolvimento de caminhoneiros, podendo ser evitado mediante uma atenção voltada mais a saúde destes trabalhadores e a melhoria no atendimento destas ocorrências pelos serviços de urgência e emergência que na maioria dos casos se encontra muito distante do ocorrido.2

 

CONCLUSÃO

A alta ocorrência de acidentes automobilísticos com envolvimento de caminhões possui relação direta quanto ao estado de qualidade de vida de seus motoristas; em decorrência da preexistência de doenças crônicas, obesidade, uso de álcool, tabaco, drogas e sedentarismo, promovendo o cenário ideal para eventos de mal súbito durante a direção e consequentemente a ocorrência de acidentes.8,9

 

REFERÊNCIAS

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