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EDITORIAL

Editorial

Frederico Arnaud

DOI: https://doi.org/10.5935/2764-1449.20230001

RESIDÊNCIA DE MEDICINA DE EMERGÊNCIA E SUAS DORES

Há poucas dúvidas até o momento que a residência médica seja a melhor maneira de treinar um profissional médico.

No Brasil ou em qualquer lugar do mundo, essa definição é bem aceita e executada. Porém, na atualidade, temos visto em várias instituições médicos residentes denunciando maus-tratos e atitudes de professores e gestores incompatíveis com a dignidade desses profissionais. Além de cargas horárias exaustivas, ultrapassando em muito as próprias normativas das residências, temos o assédio moral, as palavras rudes e a intimação indireta. Retrato de um passado recente que utiliza o residente como substituto de outros que deveriam assumir por completo as responsabilidades laborais nos hospitais, o residente está a cada dia rechaçando esses comportamentos. Colocam nas cabeças deles que tudo é de sua responsabilidade, quando na verdade essa responsabilidade deve ser compartilhada. Quantos de nós não ouvimos as diversas situações abusivas: “Saio às 22h do hospital, chego às 4h da manhã e saio a meia-noite. No final de semana deixam 30 pacientes para que um residente dê conta. ” Não é sem sentido o número de profissionais médicos residentes com distúrbios psicológicos, como depressão, ideação suicida e o grande número de suicídios. Uma grande preocupação deveria ter todos nós, médicos, professores e gestores. Em publicação recente no Medscape, comprova-se essa triste realidade e coloca o médico emergencista com o maior número de Burnout.

O mais impressionante é que nada se está fazendo para corrigir ou minimizar essa problemática. O tempo vai passando, as pessoas vão morrendo e nada, simplesmente nada, está sendo feito. Falamos de saúde o tempo todo para todas as pessoas, mas parece que nossos estudantes e residentes não são nosso público-alvo. Por que isso acontece? A que humanidade estamos servindo? “Eu choro, mas ninguém se importa” (relatório Medscape 2023). Será que não está na hora de reavaliarmos tudo isso? Ou vamos continuar fazendo de conta que isso não tem nada a ver com a gente? É questão imperiosa para esse instituto buscar formas de provocar as instituições a abrirem os olhos e a oferecerem mais saúde aos nossos estudantes. É necessárias 60 horas semanais? Atividade física deve fazer parte dessa carga horária? Apresentamos, junto a ABRAMEDE, um projeto para colocar atividade física dentro da carga horária para a CNRM.

Vamos cobrar.

 


Frederico Arnaud
Editor chefe

 

“EMERGÊNCIAS – Estamos entrando num campo onde o conhecimento técnico aliado a ação imediata podem definir a VIDA ou a Morte de um ser humano”. FA.


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